A elevada alta no preço dos combustíveis e também no valor dos aluguéis, que é proporcional ao reajuste aplicado pelas montadoras nos modelos 0 km, gerou a devolução de 30 mil carros para as locadoras por parte dos motoristas de aplicativos. O problema é a falta de repasse dos custos para a tarifa cobrada dos usuários do sistema.

Ao dar essas informações, o presidente do Conselho da Abla, Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, Paulo Miguel Júnior, destaca que diante do potencial de haver este ano uma frota de 220 mil a 230 mil veículos para os motoristas de aplicativo, o número hoje é inferior ao da pré-pandemia.

“Fechamos 2019 com 200 mil veículos destinados a esse público e entre abril e maio de 2020, no auge da medidas de isolamentos impostas pela Covid-19, houve queda de 80% nesse número. Mas assim como o setor como um todo, a retomada foi em V e ainda no ano passado recuperamos o patamar anterior. Só que ao invés de haver continuidade na retomada, de junho para cá começaram as devoluções e hoje a frota é de apenas 170 mil carros”, explica o executivo.

Na avaliação do presidente da Abla, é preciso haver reajuste das tarifas para o segmento de motoristas por aplicativos resistir. Outro segmento que também enfrenta problemas é o de terceirização de frotas. A falta de modelos 0 km, decorrente da escassez de semicondutores, está dificultando a troca dos veículos usados por novos.

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“Quando vence o contrato, a empresa que utiliza o serviço de terceirização tem de continuar com os carros em uso. Isso tem gerado descontentamento, assim como também acontece com os usuários de carros por assinatura e de aluguel de veículos para turismo. O envelhecimento da idade média da frota – de 14/15 meses para 23 – gera a oferta de modelos com maior tempo de uso, o que não é usual no nosso setor”.

Esse quadro também está provocando reflexos no mercado de veículos usados. “Como estamos segurando os seminovos nas locadoras, houve significativa redução da oferta desses modelos no varejo, com a escassez de produtos provocando aumento dos preços”, comenta Paulo Miguel.

Segundo o executivo, as pequenas locadoras são as que mais estão enfretando dificuldades no momento: “Todas estão tendo dificuldades para repor frotas, mas no caso das pequenas a situação é mais crítica. Tem empresa que fez pedido em dezembro e até hoje não conseguiu receber os veículos das montadoras”.

Ele lembrou que tradicionalmente as locadoras respondem por 20% das vendas anuais da indústria automotiva, índice que deve ser mantido este ano. Reconhece, contudo, que diante da crise atual dos semicondutores as montadoras têm procurado privilegiar o varejo: “Há uma preocupação com as redes de distribuição. Para se manterem vivos, os concessionários precisam dos modelos 0 km”.


Foto: Divulgação/Abla

 

 

Alzira Rodrigues
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