Por George Guimarães
A Renault, que em 2018 completará exatos 20 anos de Brasil, tem novo objetivo de participação no mercado interno. Com fatia acumulada em 2017 de 7,8% e a projeção de que alcançará 8% já no primeiro semestre do ano que vem, a montadora olha mais para frente e entende que poderá amealhar ao menos 10% das vendas. No entanto, o prazo para chegar lá não foi definido claramente por Luiz Pedrucci, que assumiu a diretoria geral no Brasil há apenas quatro meses.
Mas não é difícil imaginar ou calcular. Afinal, a Renault pretende passar dos 354 mil veículos vendidos em 2016 na América Latina para 600 mil até 2022 e o Brasil é, de longe, o maior mercado na região, responsável por 43% das vendas — a Argentina é o segundo, com 29% do volume total. Essa nova meta regional integra o plano global da empresa batizado de Drive the Future, apresentado no mês passado e dissecado nesta quarta-feira, 8, por Olivier Murguet, presidente do grupo nas Américas.
Mundialmente, entre 2017 e 2022, a Aliança Renault -Nissan-Mitsubishi pretende, dentre outros objetivos, economizar, por meio de diversas sinergias, € 4,2 bilhões, investir € 18 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e fazer a receita saltar dos € 51 bilhões apurados no ano passado para € 70 bilhões. Mais ainda: o conglomerado perseguirá até 2022 lucro operacional acima de 7%. Em 2016, o índice foi de 6,8%, já muito acima dos 2,8% registrados em 2010.
Para chegar lá a Aliança conta muito com um ótimo desempenho da Renault nos mercados fora da Europa nestes próximos cinco anos. A ideia é dobrar as vendas e triplicar o lucros nessas regiões nesse período. No ano passado, já com a inclusão dos volumes da Avtovaz, além das marcas Dacia e Samsung, o Grupo Renault vendeu 3,5 milhões de veículos. Projeta agora superar os 5 milhões de unidades em 2022, com a futura vantagem adicional de ter mais de 80% das plataformas em comum com as demais marcas da Aliança.
A América Latina, onde a taxa de motorização ainda é tímida e deve crescer mais 40% até 2022, terá papel preponderante nessa evolução, com destacado papel no Brasil, Argentina e Colômbia. Para isso, a empresa definiu estratégia produtiva integrada e complementar na região que permitirá o abastecimento de todos os mercados, do México para baixo, a partir da produção local. Das plantas do Brasil, Argentina e Colômbia, assegura o presidente do grupo, sairão carros, picapes e utilitários que responderão por cerca de 95% das vendas nos próximos cinco anos.
A montadora seguirá centrando muito de seus esforços no segmento de SUVs, que dobrou em dois anos no Brasil, chegou a 15% de paticipação e deve superar os 20% até o fim da década — na Colômbia já responde por 28% e por 14% na Argentina —, com Captur e Duster, que deve passar por atualização em breve.
Outra frente importante para amealhar novos clientes será a linha de comerciais leves. Além da Oroch, a marca contará com a picape Alaskan, modelo importado da Argentina que chegará ao mercado brasileiro no fim do ano que vem, logo após sua apresentação no Salão do Automóvel de São Paulo. Por enquanto, ela é produzida somente no México e vendida na Colômbia.
Mercado interno — Os principais executivos da Renault demonstram maior confiança na recuperação do mercado brasileiro a partir de agora. “São seis meses consecutivos de crescimento das vendas, o que já sugere um movimento mais consistente”, pondera Murguet.
Pedrucci projeta vendas internas da ordem de 2,3 milhões de veículos em 2018, 6% acima do que espera para o encerramento de 2017, enquanto Murguet vai mais além e fala em crescimento consistente e paulatino nos próximos anos, culmimando com mercado total de 3,1 milhões em 2022. “Acho até que é um cálculo um tanto conservador”, diz o executivo, que conhece muito bem o País, onde já acumula mais de nove anos em duas passagens.
A curva ascendente brasileira ajudará um cenário mais positivo em toda a região, segundo os cálculos da empresa, cuja partipação atual é de 6,7% somando automóveis, comerciais leves e utilitários. Murguet estima vendas de 6,1 milhões de veículos em toda a América Latina no ano que vem, 200 mil a mais do que em 2017, com crescimento da ordem de 3,5% na Argentina, para 900 mil unidades, de 9% na Colômbia, para 250 mil, e de 4% no México, para pouco mais de 1,6 milhão de veículos.
Fotos: Divulgação/Renault
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