O segmento de picapes tem uma estrela em ascensão. Não, não se trata da Fiat Strada, que lidera as vendas e que novamente deve encerrar o ano como o veículo mais vendido do Brasil. O modelo de desempenho bem acima da média do mercado em 2022 é a Mitsubishi Triton L200, que, segundo critério da Fenabrave, está relacionada como picape grande ao lado de outras dez opções.
Dos mais de 13,2 mil licanciamentos da marca japonesa no acumulado de janeiro a julho, a picape respondeu por exatas 9.036 unidades. O número representa avanço de quase 32% sobre os emplacamentos de igual período do ano passado.
Nessa mesma comparação, as vendas de picapes grandes encolheram perto de 14% e todas as principais concorrentes da L200 viram seus números de licenciamentos diminuir, com exceção da Toyota Hilux, mas que cresceu bem abaixo, próximo de 10%.
Consideradas somente as cabine dupla a diesel de 1 tonelada de carga — o recorte mais certeiro de avaliação —, houve crescimento de 2% do segmento contra 25% da representante da Mitsubishi, mais uma vez uma diferença consistente.
O avanço da picape fabricada pela HPE Automotores do Brasil em Catalão, GO, não é episódico. En 2021 a Triton L200 acumulou 13,2 mil licenciamentos, contra pouco mais de 10 mil da média anual entre 2017 a 2019, período de normalidade do mercado pré-pandemia.
O volume negociado nos primeiros sete meses deste ano já é praticamente o resultado obtido ao longo de todo 2017 (9,9 mil). Finalizado agosto, essa marca será superada, com folga. Mas a expectativa de Júlio Fiorin, diretor comercial da Mitsubishi Motors, é de ir bem além e encerrar o ano com cerca de 17,9 mil L200 licenciadas, o que configurará avanço de ordem de 35% sobre o volume de 2021.
De quebra, a picape estabeleceria seu melhor resultado em números absolutos desde 2014, quando 20,5 mil unidades chegaram às ruas, mas com um segmento que não incluía então a Fiat Toro e a Renault Oroch, veículos de menor porte, preços inferiores e que agora são relacionadas pela Fenabrave como picapes grandes.
Produção até dezembro já vendida
Fiorin não se furta a arriscar que, se dependesse somente da demanda atual, as vendas da L200 poderiam ser até maiores em 2022. Só não serão, assegura, porque a fábrica goiana, limitada pela falta de componentes e complicações logísticas ainda decorrentes do desarranjo global, não conseguirá produzir mais.
“Tudo o que for fabricado da Triton daqui até o fim do ano já está vendido”, enfatiza!
Fiorin enumera vários fatores que têm incentivado a aceleração dos licenciamentos da quinta geração da L200, nascida como produto nacional em 1998, depois de quase cinco anos de importada do Japão pelo Grupo Souza Ramos, detentor da HPE.
Trata-se, segundo o executivo, de decorrência da convergência de ações encaminhadas em várias frentes desde 2020, conjuntamente com a chegada da atual geração às revendas, em setembro daquele ano.
Soma de produto e serviços
Neste dois anos, por exemplo, a rede de concessionárias foi reestudada com base no que Fiorin chama de “mapa de calor dos licenciamentos” de picapes a diesel e que sinalizou a necessidade de uma presença mais robusta da marca no Norte, região que ganhou em relevância nos últimos anos e que, junto com o Centro-Oeste, responde por metade das vendas nacionais do segmento.
Resultado: a Mitsubishi passou de 107 pontos para atuais 125 lojas, mesmo em meio à pandemia, um período de mercado instável e de projeções naturalmente incertas.
Algumas das novas representações, inclusive, têm registrado fluxo de negócios bem acima do imaginado pela própria equipe comercial da Mitsubishi. É o caso de concessionária de Sinop, MT, onde são vendidas mensalmente até 30 unidades da Triton, mais que o dobro do estimado.
Outra mola das vendas da L200, na análise do executivo, foi a diversificação e aprimoramento das tradicionais modalidades de vendas, com financiamentos que passaram a oferecer parcelas-balão, juros subsidiados e seguros com valores mais competitivos, dentre outros atrativos.
Neste curto período a empresa também apresentou, em parceria com a Agrex, co-irmã de grupo, a modalidade barter, pela qual o produtor paga a picape com o próprio grão que produzirá, sem a intermediação monetária, além do Mit Cartão, que pode ser utilizad, por exemplo, no pagamento do financiamento do veículo e gerar pontos que são convertidos em revisões e acessórios.
Também a partir de 2020, o programa de assinaturas da marca, criado em 2016 — pioneiro no Brasil — ganhou mais corpo e hoje já detém 1,8 mil clientes, sendo 1 mil de picapes.
A novidade mais recente, porém, ainda não teve efeitos nos números de vendas de 2022, mas é uma aposta forte da marca para alavancar os negócios dentro de sua rede. No mercado há apenas um mês, o Mit SIM é um programa de seminovos revisados.
Projeção conservadora
Por ele, modelos com até 8 anos de uso adquiridos nas concessionárias têm garantia de um ano, concedida após check list de 150 itens — juntamente, o cliente pode dispor de socorro mecânico e até de carro reserva, quando necessário.
Somando as vendas da Triton L200 e demais produtos, Fiorin projeta que a linha Mitsubishi poderá somar algo como 26,7 mil licenciamentos em 2022. Acima de 65% com a picape e o restante com os SUVs importados Pajero Sport e Outlander e o nacional Eclipse Cross.
Em 2021, a conta anual ficou 20,6 mil emplacamentos. O crescimento da Mitsubishi, assim, seria da ordem de 30% e. Nada mal para um setor que projeta vendas variando positivamente 1% sobre o ano passado.
Ainda assim, a aposta de Fiorin parece ser um tanto conservadora, já que, apesar de representar o melhor resultado desde 2015, ano em quem a marca acumulou 41 mil unidades vendidas, implicaria em vendas limitadas à média proxima de 1,2 mil unidades mensais de agosto a dezembro.
E este patamar de foi registrado somente em janeiro, mês historicamente de negócios em ritmo mais lento, muito diferente do que se vê nas planilhas mais recentes da Mitsubishi Motors.
Foto: Divulgação
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