Por George Guimarães
Dirigir o elétrico BMW I3 é quase como unir o passado ao futuro. Para os mais veteranos, impossível não associá-lo aos divertidos carrinhos bate-bate dos antigos parques de diversões. Para os mais novos, o modelo é bom exemplo do que deve ser parte das próximas gerações de automóveis. Importado desde 2014, ainda chama a atenção por onde passa, seja pelo desenho e pintura incomuns, seja pelo fato de não fazer qualquer barulho.
Mas o melhor mesmo é estar ao volante do modelo, que esbanja espaço interno, design e facilidade de acesso, já que as duas portas traseiras são do tipo suicida, ou seja, abrem para a frente. Melhor: não há coluna central entre as portas dianteiras e traseiras, isso porque a carroceria em fibra de carbono tem elavada rigidez, muito maior do que o aço.
A adoção desse sofisticado e leve composto em conjunto com o alumínio no chassi permitiu ao I3 um peso razoável de 1315 kg para seu porte, sendo 330 quilos, 25% do total, em baterias. Ainda assim, o motor elétrico de 170 cv de potência e torque 25,5 mkgf, disponível integralmente já no primeiro segundo após o pisão no acelerador, fazem o motorista colar no enconto do banco.
A BMW diz que o I3 sai da imobilidade e chega a 100 km/h em 7,9 segundos. Sem um cronômetro nas mãos, a impressão é de bem menos. Talvez também por não se ouvir qualquer ruído a não ser o do vento na janela. Tudo começa com o girar de um botão no lado direito do volante, onde se opta por ir à frente, para trás ou estacionar.
Mesmo com pneus estreitos e desenho de quase monovolume, o I3 tem excelente estabilidade e, a não ser pela ausência total do barulho, pode, sim, agradar aos puristas apaixonados por modelos esportivos. Uma particularidade no I3, porém, é que o motorista quase não precisa utilizar o freio para desacelerar. Basta aliviar o pé do acelerador que o próprio sistema de recuperação de energia freia progressivamente até a imoblidade. Nesse aspecto, chega a ser um tanto incômodo para quem ainda não está acostumado.
A autonomia não é o forte ainda desse BMW. No entanto, com auxílio de um pequeno motor a gasolina de 647 cm³, que serve somente para recarregar as baterias em caso de necessidade, é possível percorrer 300 quilômetros. AutoIndústria fez o trajeto entre São Paulo e a cidade de Bragança Paulista, pouco mais de 120 quilometros, sem acionamento do motor complementar. A volta sem qualquer utilização do combustível fóssil foi garantida por recarga de 8 horas em uma tomada convencional 220.
Esses limites, porém, já são mais que suficientes para a principal missão dos elétricos desta atual geração: os deslocamentos urbanos e de curtas distâncias. Já na próxima década, porém, recargas bem mais rápidas e baterias com autonomia de centenas de quilômetros eliminarão até essa limitação.
Outro fator contrário aos elétricos deve ser atenuado com a produção em maior escala e legislação condizente: o preço elevado. O I3, por exemplo, vinha sendo oferecido por R$ 160 mil no mercado brasileiro, preço salgado até mesmo para o consumidor mais abastado. E isso porque, em 2015, o governo reduziu o imposto de importação para elétricos e híbridos de 35% para alíquotas entre zerou e 7%, a depender da tecnologia adotada no modelo.
Os interessados em adquirir o I3, contudo, terão que esperar alguns meses. A rede de concessionárias da marca não tem mais o modelo em estoque. Em três anos a BMW vendeu as cerca de 200 unidades que importou e agora aguarda para retomar os embarques já da versão atualizada, exibida no último Salão deFrankfurt, Alemanha.
Fotos: AutoIndústria
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