As vendas diretas, principalmente as feitas para locadoras, foram fundamentais para o balanço positivo do mercado automotivo em março. A própria Anfavea reconheceu esse movimento positivo do atacado, com o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, enfatizando que “a fotografia do momento seria pior” não fosse a participação de 28% das locadoras no total de emplacamentos do mês.

O segmento de automóveis e comerciais leves totalizou 186.353 licenciamentos no mês passado, altas de 55,4% e 37,6% sobre fevereiro e o março de 2022, respectivamente. Do total, 52,1 mil unidades foram destinadas às empresas de aluguel de veículos, conforme dados divulgados pela Anfavea na segunda-feira, 10.

Se forem computadas todas a vendas diretas, que envolvem também transações para outros grandes frotistas, taxistas, produtores rurais e PcD (pessoas com deficiência), a participação dessa modalidade de negócio atingiu 48,85% do mercado automotivo em março.

É uma fatia elevada considerando que no mesmo mês do ano passado o índice foi de 36,67%, segundo levantamento da Fenabrave. Também é um sinal claro de retração no movimento das lojas, aquele que reflete as compras do consumidor comum.

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No primeiro trimestre de 2023 a participação chegou a 46,02%, contra os 39,33% de um ano atrás e os 41,97% dos primeiros três meses de 2021. O presidente da Anfavea avalia que as locadoras têm uma considerável demanda reprimida, o que pode ajudar o setor nos próximos meses.

“Mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas, para reaquecer o mercado”, destacou Leite ao falar da preocupação da indústria com o recuo do movimento nas redes e projeto do carro verde de entrada, que tem por objetivo trazer novos consumidores para o mercado de 0 km.

Emprego em alta nas locadoras

A Abla, Associação Brasileira das Locadoras de Veículos, divulgou nesta terça-feira, 11, um aumento de 4,7% no número de empregos no setor no comparativo de 2022 com 2021, com quadros de mão de obra de, respectivamente, 89.550 e 85.494. Os números tomam por base os arquivos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

Lembrando que o faturamento bruto do setor chegou a R$ 36,8 bilhões no ano passado, o presidente da Abla, Marco Aurélio Nazaré, diz que tão importante quanto a quantidade de empregos é a qualificação profissional das pessoas que trabalham em locadoras.

O executivo lembra que a entidade é mantenedora da Universidade Corporativa do Setor de Locação de Veículos (UNIABLA) que, por meio de cursos presenciais e online de curta duração, vem treinando empresários e colaboradores do setor de aluguel de carros desde 2016.

“Queremos desenvolver um grande programa de formação de líderes, com foco nos jovens empresários, sucessores e gestores das locadoras, disseminando técnicas de liderança e levando conteúdos testados e aprovados”, explica Nazaré.

Outros números da Abla indicam uma frota das locadoras de 1.434.299 veículos ao final do ano passado, crescimento de 26,2% em relação ao ano anterior. A terceirização (aluguel de frotas inteiras para empresas e órgãos públicos) representa 52% do uso da frota do setor. O turismo de lazer e o turismo de negócios vêm em seguida, com participações de, respectivamente, 32% e 16%.


Foto: Divulgação/Abla

Alzira Rodrigues
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