Se as vendas de automóveis e comerciais leves no mercado interno têm reagido de forma bastante satisfatória em 2024, com avanço superior a 17% de janeiro a abril, as de algumas marcas em particular demostram potencial de crescimento muito além e já colocam várias interrogações na planilhas e estratégias das concorrentes.
O caso mais emblemático é o da BYD. Mesmo ainda como importadora, condição que deixará de ter quando começar a fabricar seus veículos na Bahia entre o fim deste e início do próximo ano, a marca segue quebrando recordes próprios de vendas e já desfruta de participação alçançada por várias concorrentes somente depois de anos no mercado — em alguns casos, até três décadas.
Em abril, a chinesa comemorou 6.965 licenciamentos, 12% acima das vendas de março e melhor resultado mensal desde que seus carros e SUVs começaram a desembarcar aqui em meados de 2022.
Com, na prática, pouco mais de um ano de vendas efetivas, a frota de veículos BYD rodando pelo Brasil ultrapassou 40 mil unidades. Mais da metade foi negociada só no primeiro quadrimestre de 2024.
Os 21,9 mil licenciamentos desse período representaram salto de nada menos do que 2.700% na comparação com os primeiros quatro meses do ano passado e asseguraram, de acordo com a Fenabrave, a BYD como a nona marca mais vendida de automóveis.
A participação no segmento de carros de passeio no acumulado do ano ultrapassou 4% — e mesmo se consideradas as picapes, segmento do qual a marca ainda não participa, a BYD tem fatia de 3,2%. A diferença para Honda e Nissan, respectivamente sétima e oitava colocadas, é de 0,4 e 0,2 ponto porcentual.
Em números de veículos entregues aos clientes finais: somente 2,3 mil unidades a menos do que a Honda e 1,2 mil abaixo da Nissan, marcas que seguem nesse patamar de participação há anos, mesmo com produção nacional.
É preciso lembrar ainda que o Dolphin Mini, modelo de entrada da BYD, começou a ser vendido somente na última semana de fevereiro. Em março, alcançou 2,5 mil licenciamentos e em abril, com 3,1 mil, apareceu como o carro mais vendido da marca, à frente do irmão maior Dolphin.
Durante seu lançamento, Henrique Antunes, diretor de Vendas e Marketing da BYD, estimou negociar pelo menos 25 mil unidades do Mini ao longo de 2024. Conseguiu 5,6 mil em dois meses somente.
“Não há qualquer limitação de produção na China”, alertou Antunes para corroborar sua afirmação de que poderá importar mais, caso a demanda pelo hatch elétrico se mostre acima da esperada.
O executivo foi além e afirmou que em 2024 a BYD pode vender de 100 mil a 120 mil veículos aqui. Quando questionado se não seria algo muito longe da realidade para o momento do mercado e, sobretudo, por se tratar de produtos importados, retrucou:
“Foi o que muitos disseram quando prevíamos as vendas de 2023 e que, no final, foram quase o dobro do que projetávamos”.
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A própria BYD afirma, institucionalmente, que tem como meta figurar entre as marcas líderes do mercado brasileiro até o fim desta década.
“Mas nossa estratégia prevê conquistas e resultados de curto e médio prazos”, alerta Tyler Li, presidente da BYD no Brasil, que interpreta o súbito crescimento da marca como resposta a uma demanda reprimida do consumidor brasileiro por tecnologias e novidades.
Dolphin Mini, Dolphin, Yuan Plus e Song já estão elencados e confirmados como futuro carros de produção em Camaçari, BA. Este mês será lançada mundialmente a picape Shark e que começará a aportar no Brasil no terceiro trimestre.
Com motorização híbrida plug-in, brigará no segmento de 1 tonelada dominado por modelos a diesel fabricados na Argentina, como Toyota Hilux, Ford Ranger e Nissan Frontier, e no Brasil, como Mitsubishi L200 e Chevrolet S10, e que acaba de ganhar mais uma concorrente, a Fiat Titano, montada no Uruguai.
Será mais um bom termômetro do que a BYD poderá fazer no Brasil e região no curto e médio prazos e se o otimismo dos executivos da marca têm, de fato, lastro.
Foto: Divulgação
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