O já anunciado investimento de R$ 50 bilhões das autopeças até 2030 tende a ser ainda maior por conta do início de produção de marcas chinesas no Brasil a partir do final deste ano, início do próximo.

Quem admite é o presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad, ao prever, inclusive, a parceria de autopeças chinesas com fabricantes já instalados aqui.

“Já há uma movimentação das autopeças chinesas rumo ao México e o próximo país a ser focado deve ser o Brasil”, comentou o empresário, projetando que as operações locais de fornecedores da China devem ocorrer a partir de 2026.

O Sindipeças, segundo ele, já conversou com representantes das marcas que prometem investimentos locais. Ele não citou nomes, mas BYD e GWM são as que têm projetos mais avançados, com fábricas que devem iniciar pré-produção no final deste ano, respectivamente em Camaçari, BA, e Iracemápolis, SP.

“As marcas chinesas chegam ao Brasil contemplando três fases de operação. Primeiro a importação, depois a montagem via CKD e, por fim, a localização gradual da produção, quando devem trazer os fornecedores para cá. Nós do Sindipeças deixamos claro que apoiamos todos os projetos desde que considerem processo de nacionalização. O importante é produzir aqui”, destacou Sahad.

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Em 2040, eletrificados responderão por 90% das vendas no Brasil

O dirigente da entidade que representa a indústria brasileira das autopeças participou na sexta-feira, 27, da apresentação na Anfavea do estudo “O caminho da descarbonização do setor automotivo no Brasil”, feito em parceria com a BCG, Boston Consulting Group.

Na ocasião, ele fez questão de destacar a importância do estudo para definir os rumos do setor no País, falando da importância de união e mobilização de todos os envolvidos na busca de tecnologias mais limpas, incluindo governo e poder legislativo, responsável por leis que promovam avanços na área.

Um dos pontos contemplados no estudo refere-se justamente à cadeia de fornecedores. Foram ouvidos 65, dos quais 70% prevêm incrementar investimentos em novas tecnologias, com foco principalmente em eletrificação.

Sobre os 30% restantes, Sahad comentou que o motor a combustão ainda vai sobreviver por muito tempo. Nessa área, inclusive, ele considera que o Brasil pode ser tornar um hub de exportação:

“Várias regiões vão continuar convivendo com esse tipo de powertrain, dentre as quais África, Oriente Médio e países como a Índia, que têm demonstrado interesse em biocombustíveis, incluindo o etanol. Por isso, são importantes os investimentos a serem mantidos para melhorias do motor a combustão”.

O presidente do Sindipeças também comentou sobre lista de componentes hoje importados com potencial de nacionalização, que a entidade prometeu elaborar em parceria com a Stellantis: “Já temos reunião programada com sistemistas e a Stellantis para discutir alguns assuntos, dentre os quais essa lista. Estamos trabalhando nesse sentido e a ideia é ter avanços a partir desse encontro”.


 

Alzira Rodrigues
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