O mercado brasileiro ganhará neste fim de semana mais uma alternativa para quem aprecia picapes. A BYD lançará em Goiania, GO, a Shark, primeira híbrida plug-in negociada no País. O modelo já não é mais segredo, lançamento mundial, foi apresentada à imprensa no México no primeiro semestre e aqui já está em regime de pré-venda desde o começo deste mês.

Nestas duas últimas semanas, quem fez a reserva da Shark em site dedicado teve que desembolsar um valor como sinal, mas assegurou benefícios como a gratuidade de carregador portátil de 3,5 kW, kit de energia solar para alimentar o carregador e seguro total por um ano.

Metas comerciais e preço são, portanto, ainda os únicos grandes mistérios que rondam o décimo modelo da marca ofertado no Brasil. Mas especula-se  algo não muito além dos R$ 300 mil — até porque a BYD mostrou-se sempre muito agressiva em seus preços.

O lançamento da picape no Estado de Goiás, conhecido pela economia atrelada ao agronegócio e natural grande mercado de picapes, guarda subliminarmente a disposição da marca de começar a ser mais reconhecida também fora do ciclo de consumidores eminentemente urbanos e que têm mais acesso à estrutura para carregamento de veículos elétricos.

Não que a Shark encontrará ambiente totalmente propício no trabalho das fazendas. Talvez nem mesmo uma pequena parcela dos clientes se permita a fazer dela uma ferramenta de trabalho e não um símbolo de status no trânsitos das grandes cidades do Centro-Oeste.

De porte intermediário entre, por exemplo, uma Fiat Toro e uma Ford Ranger, a Shark tem 5,45 m de comprimento e generoso entre eixos de 3,26 m. Mas perde, porém, na capacidade de carga, limitada a 835 kg contra mais de 1 tonelada das concorrentes maiores e movidas a diesel.

A não ser pelos farois, o desenho da carroceria cabine dupla pouco se distingue do que já existe no mercado. O maior apelo da Shark — além dos já costumeiros muito bons acabamento, nível de tecnologia e lista de itens de série dos veículos BYD — estará mesmo sob o capô.

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Ele abriga um motor a gasolina de 1.5  litro que desenvolve 180 cv e que atua em conjunto com outros dois elétricos. A potência combinada do trio é de nada menos 480 cavalos, suficiente para levar a picape da imobilidade aos 100 km/h em excelentes 5,7 segundos.

Tão ou mais importante do que a aceleração é a autonomia combinada que, segundo critérios da China, pode chegar a 840 km ou 100 km no modo elétrica, com a recarga de 30% a 80% da bateria Blade necessitando de apenas 20 minutos em carregador rápido.

Vendas adicionais

Na prática, a Shark representará a entrada da BYD no segmento de comerciais leves no Brasil verdadeiramente. Desde 2020 até setembro último, a marca conquistou participação meramente residual ao importar o furgão elétrico T3 e que desde então tem acumulados pouco mais de três centenas de licenciamentos.

Com a picape, seja a meta de vendas que tiver, a BYD ingressará em outro patamar, não só pelo tamanho do segmento de picapes grandes, responsável por 11% do total de automóveis e comerciais leves vendidos, mas sobretudo pelo powertrain híbrido, ainda muito mais adequado a um País de grandes dimensões e que apenas engatinha na constituição da infraestrutura de recarga de elétricos.

A marca, assim, tem potencial par abocanhar mais alguma fração de ponto porcentual de participação em 2025 com a picape. A depender da estratégia comercial e ambição, até mais do que isso.

É bom lembrar que a BYD não descartou estudos para montar na planta de Camaçari, BA, também a Shark. Mas é certo que seria somente numa segunda etapa da operação, que começará a montador os primeiros automóveis a partir do ano que vem.

Outro fato para se ter em conta: Stella Li,  CEO Américas, assegurou que a BYD terá uma fábrica com capacidade para 150 mil veículos anuais no México, país com o qual o Brasil tem acordo comercial e que envia para cá veículos isentos de imposto de importação.

Nos primeiros nove meses de 2024, a BYD vendeu 51,3 mil veículos no Brasil, número que garante a 10ª posição no ranking das marcas mais vendidas, com 2,9% de participação — bem à frente de empresas tradicionais e generalistas, como Citroën e Peugeot, que respondem por 1,4% e 1,1% do mercado de automóveis e comerciais leves.

É certo também que não alcançará a projeção feita no começo do ano de vender 120 mil unidades em 2024, estimativa revista ainda no primeiro semestre para para 100 mil.

De qualquer maneira, se mantiver no último trimestre a média mensal de 5,7 mil registros de janeiro a setembro, esbarrará nas 70 mil unidades, quatro vezes mais do que os 17,9 mil veículos que colocou nas ruas em 2023.


Foto: Divulgação

George Guimarães
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